sábado, 9 de agosto de 2014

Cenário disperso

Cenário disperso

O presidenciável Aécio Neves (PSDB) está certo ao priorizar o cumprimento da primeira agenda de campanha na Amazônia, primeiro em Rio Branco, capital do Acre, onde a acriana Marina Silva, vice na chapa de Eduardo Campos (PSB) tem capilaridade eleitoral. Depois no Amazonas, onde será recebido pelo ex-deputado federal e ex-senador Arthur Virgílio Neto,  uma liderança incontestável na Região desde que deixou a carreira de diplomata para ingressar na política. Absolutamente correto ao descartar convite, ao menos, por enquanto, para fazer campanha em Porto Velho, Rondônia, onde só há poucos dias o Tribunal Regional Eleitoral aprovou recurso concedendo o registro à candidatura do tucano Expedito Júnior para disputar o governo do Estado. Some-se a tudo, o fato da "presidenta Dilma" ter realizado três visitas à Região entre 2013 e 2014, inclusive no período da cheia histórica do Rio Madeira, fator que contribuiu para reacender a discussão sobre sua releição no Norte. Assim é que, nesse clima de alternância de cenários, os tucanos ainda tentam reconstruir o ninho para alçar voo maior no futuro, pois o colégio eleitoral de Rondônia não terá a menor influência numa possível eleição de Aécio Neves para o segundo turno da eleição para presidente em 2014. Eduardo Campos então nem se fala. Sua embarcação encalhou mesmo nas águas rasas dos Rios Acre, Purus, Amazonas e Madeira. Embora divida o palanque com Dilma Rousseff em Rondônia, pelo fato do PSB haver indicado candidato natural ao cargo de vice-governador, na coligação que apoia a reeleição do atual governador Confúcio Moura (PMDB), há  que se destacar o imbróglio em que se meteu Eduardo Campos ao defender por onde tem passado, o fim do programa “Mais Médico”, descartando assim qualquer possibilidade de redução da tendência de rejeição eleitoral ao seu nome no Norte do país. Além da rejeição e de sua candidatura não conseguir decolar, mesmo a reboque da densidade do nome de Marina Silva, ainda comete o erro de defender a extinção  de um suporte que ajuda a atender a gente simples e humilde, os povos da floresta e “beradeiros” que não conseguem pagar plano privado de saúde. Dá licença senhor Eduardo Campos, assim nem o mais saudável dos nortistas aprovaria sua plataforma de governo e vai mesmo é votar em Dilma, ou em Aécio!!!

Abdoral Cardoso


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Viciado sem cura




Viciado sem cura

Entre um exame e outro, uma visita e outra, a laboratórios e médicos, monitorando duas iminentes cirurgias, vou chegando às sete décadas de vida. Fazendo o que mais gosto. Trabalhando. Lendo, estudando e escrevendo. E, prazerosamente, sendo jornalista. Uma profissão que não me fez rico. Mas me fez trabalhador. E tem me possibilitado viver com dignidade.

No próximo sábado, dia 9, completo 70 anos. Meu Deus! Como o tempo voa! Parece que foi ontem que saí de casa aos treze anos. Não fui pra casa de parentes nem amigos da família. Fui pro mundo com meu terceiro ano primário. E a estranha mania de ler tudo que estivesse ao alcance das mãos. Do primeiro emprego como ajudante em oficina mecânica e o primeiro emprego como repórter, só se passaram quatro anos. E lá estava eu, contaminado, com a tinta das redações correndo nas veias. Para sempre.

Nunca mais me libertei dessa paixão. Tentei muitas vezes, em muitos ofícios. Mas o visgo, como de jaca, me puxava de volta. Quando a sola do sapato furava e o colarinho da camisa puía, me livrava da gravata desbotada e me jogava noutra lida. Ganhava dinheiro, viajava, curtia coisas novas. Com o guarda roupa renovado, voltava compulsivamente, para cheirar a tinta fresca no papel jornal da manhã. Viciado sem cura. E sem querer ser curado.

Conheci gente e lugares. Vivi experiências ricas de sabedoria, bebendo em fonte limpa, de sábios intelectuais. E com eles reafirmei os conselhos de minha mãe, uma indiazinha tapuia, trabalhadora e analfabeta, que me dizia: filho só leve pra casa o que é seu. É por isso que, aos 70 anos, após vários cargos de  gestão exercidos, não tenho do que me envergonhar. Nem envergonhar os meus filhos. Deus tem sido o meu escudo. Por tudo isso quero me alegrar, nesse aniversário, com os que gostam de mim. Com a minha mulher e meus filhos. Afinal, amor é alegria.


Osmar Silva é jornalista - sr.osmarsilva@gmail.com