Não
foi somente em Rondônia, onde num comício com a presença de mais de 600
pessoas, em Alvorada do Oeste, o candidato à reeleição pelo PMBD subiu o tom do
discurso e alertou os eleitores – sem citar nome – sobre os riscos de o Estado
vir a ser administrado por um bebedor de cachaça e viciado em jogatinas e
carteado.
Em
Ananindeua, no Pará, dia 15 de outubro último, num discurso cheio
de indiretas ao candidato tucano a presidente,
Aécio Neves, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva suscitou novo debate ao
indagar: “como alguém que se recusa a fazer o teste do bafômetro vai governar o
país?".
Referência
clara de Lula a um fato de abril de 2011, quando Aécio foi parado em uma blitz,
no Rio de Janeiro se recusou a fazer o teste e teve a habilitação, que estava
vencida, apreendida. O ex-presidente cumpria agenda estratégica no segundo
maior colégio eleitoral paraense, em apoio ao candidato ao governo Helder
Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho.
Na
Terra de Rondon, a divulgação do apelo por meio da equipe de imprensa, que
atuou no primeiro turno da campanha causou calar frio entre os marqueteiros dos
dois lados. Do lado dos peemedebistas a impressão equivocada de que as
insinuações estivessem rotulando a massa de eleitores rondonienses e os
obrigando a pagar a “rolha” da bebida para poder entrar na “festa”.
No
ninho dos tucanos, o corre-corre para que o marketing do candidato concorrente
não transformasse o episódio em um rótulo, que, certamente, traria prejuízos
incalculáveis ao candidato do PSDB, que embora sem ter sido citado nominalmente,
usou o penúltimo debate do primeiro turno na tevê para criticar o setor de
jornalismo da campanha do adversário.
E
sabe por que, eleitor? Os marqueteiros tucanos anteviram o risco das
insinuações ganharem efeito bumerangue em um cenário com maior percentual de
eleitores que professa a religião evangélica e não bebe, a não ser “água
filtrada”. Ora, a partir dessa premissa já sobrariam motivos para aprofundar o arranhão
na reputação do postulante tucano ao cargo de governador, haja vista que
aceitou as indiretas, ou como se diz no Norte: “vestiu a carapuça”.
No
Pará como em Rondônia, a alusão ao consumo de drogas ilícitas, como bebidas
alcoólicas, surgiu como fato novo e estratégia de convencimento de eleitores
indecisos em um cenário importante microrregional. Mas nem todos tiveram a
percepção do candidato peemedebista e nem a audácia de Lula, esquecidos, talvez,
de que os evangélicos representam hoje 22% do eleitorado do país e há quem afirme que alcança o dobro em
Rondônia, além de desenvolverem verdadeira repulsa pelo álcool.
Abdoral Cardoso