sábado, 18 de outubro de 2014

A “rolha” sem preço da cachaça de Rondônia




Não foi somente em Rondônia, onde num comício com a presença de mais de 600 pessoas, em Alvorada do Oeste, o candidato à reeleição pelo PMBD subiu o tom do discurso e alertou os eleitores – sem citar nome – sobre os riscos de o Estado vir a ser administrado por um bebedor de cachaça e viciado em jogatinas e carteado.

Em Ananindeua, no Pará, dia 15 de outubro último, num discurso cheio de indiretas ao candidato tucano a presidente, Aécio Neves, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva suscitou novo debate ao indagar: “como alguém que se recusa a fazer o teste do bafômetro vai governar o país?".

Referência clara de Lula a um fato de abril de 2011, quando Aécio foi parado em uma blitz, no Rio de Janeiro se recusou a fazer o teste e teve a habilitação, que estava vencida, apreendida. O ex-presidente cumpria agenda estratégica no segundo maior colégio eleitoral paraense, em apoio ao candidato ao governo Helder Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho.

Na Terra de Rondon, a divulgação do apelo por meio da equipe de imprensa, que atuou no primeiro turno da campanha causou calar frio entre os marqueteiros dos dois lados. Do lado dos peemedebistas a impressão equivocada de que as insinuações estivessem rotulando a massa de eleitores rondonienses e os obrigando a pagar a “rolha” da bebida para poder entrar na “festa”.

No ninho dos tucanos, o corre-corre para que o marketing do candidato concorrente não transformasse o episódio em um rótulo, que, certamente, traria prejuízos incalculáveis ao candidato do PSDB, que embora sem ter sido citado nominalmente, usou o penúltimo debate do primeiro turno na tevê para criticar o setor de jornalismo da campanha do adversário.

E sabe por que, eleitor? Os marqueteiros tucanos anteviram o risco das insinuações ganharem efeito bumerangue em um cenário com maior percentual de eleitores que professa a religião evangélica e não bebe, a não ser “água filtrada”. Ora, a partir dessa premissa já sobrariam motivos para aprofundar o arranhão na reputação do postulante tucano ao cargo de governador, haja vista que aceitou as indiretas, ou como se diz no Norte: “vestiu a carapuça”.

No Pará como em Rondônia, a alusão ao consumo de drogas ilícitas, como bebidas alcoólicas, surgiu como fato novo e estratégia de convencimento de eleitores indecisos em um cenário importante microrregional. Mas nem todos tiveram a percepção do candidato peemedebista e nem a audácia de Lula, esquecidos, talvez, de que os evangélicos representam hoje 22% do eleitorado do país e há quem afirme que alcança o dobro em Rondônia, além de desenvolverem verdadeira repulsa pelo álcool.


Abdoral Cardoso

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Montagem - Confúcio vence de novo e TRE manda Expedito retirar programa ofensivo do ar





A Justiça Eleitoral concedeu liminar proibindo e mandando retirar do ar o programa da coligação “Frente Muda Rondônia” com montagem de trechos do debate exibido pela TV Meridional, no dia 9 de outubro, no qual a equipe de produção do candidato Expedito Junior tenta desmentir o candidato à reeleição Confúcio Moura, da coligação “Rondônia no Caminho Certo”.

No debate, Confúcio Moura garantiu que recebeu as finanças do Estado com uma dívida imensa, principalmente com os fornecedores e que conseguiu pagar de forma parcelada. Na montagem grosseira de trechos do debate a equipe de Expedito Junior atacou o candidato à reeleição tachando a afirmação de “mentira”.

Em liminar concedida pelo juiz eleitoral auxiliar, Sérgio William Domingues Teixeira, e publicada quarta-feira (16) no mural da Secretaria fica proibida a divulgação de todo conteúdo inverídico e ofensivo à honra do candidato Confúcio Moura e estipula o pagamento de multa diária de R$ 2 mil à coligação de Expedito Junior, caso seja descumprida a decisão do TRE, cumulada com outras punições previstas na legislação eleitoral.

A coligação de Confúcio Moura argumentou que o concorrente Expedito Junior tratou como mentira a afirmação de que Moura recebera o governo com uma imensa dívida, o que o concorrente tentou contestar com uma montagem. Na montagem para o horário eleitoral, aparece uma pessoa segurando uma placa com a inscrição "mentira" e, em seguida, apresenta a imagem de Confúcio Moura colhida no debate, com o interlocutor dizendo o que seria "a mentira" e, na sequência, a afirmação do atual governador: "Eu peguei o Estado endividado, recebi a dívida sem dinheiro no caixa".

O pedido de liminar sustenta ainda que Confúcio Moura falou a plena verdade, pois a Gerência de Contabilidade da Controladoria Geral do Estado de Rondônia apresentou "quadro Demonstrativo das Disponibilidades de Caixa em 31 de dezembro de 2010 - Poder Executivo - Por Fonte de Recursos”, juntando à fl. 25, que apresenta no Código 100 - Recursos do Tesouro um saldo disponível Bruto de R$88.954.288,34 e tendo um saldo disponível líquido negativo de R$82.564.011,58, totalizando um saldo negativo de R$121.188.394,06.

Assim, não resta dúvida que Confúcio Moura assumiu o governo em 1º de janeiro de 2011 com um imenso déficit financeiro, o qual saldou ao longo daquele exercício, estando, assim, diante de um falseamento da verdade produzida pelos representados para "construir" uma notícia tendenciosa e inverídica, cujo teor tem o condão e sério potencial para atingir o candidato representante.

Íntegra da decisão

DEFIRO PARCIALMENTE A LIMINAR, para determinar aos representados a imediata retirada da matéria com o trecho contendo informação considerada inverídica e tida como ofensiva, devendo, ainda, se absterem de veicular propaganda eleitoral na televisão com o mesmo trecho considerado irregular, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para o caso de descumprimento, além das demais sanções previstas em lei, a partir da ciência da presente decisão, podendo os representados apresentar nova mídia à emissora geradora sem o trecho considerado irregular”.

Abdoral Cardoso


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Transposição espera parecer da mãe de Eduardo Campos no TCU





Fonte segura disse ao blogueiro que dia 5 de novembro de 2014, uma outra rodada de conversações está agenda em Brasília no Tribunal de Contas da União para verificar o andamento do processo relativo ao parecer técnico da Corte Técnica, que trata da transposição de parte dos servidores de Rondônia para um quadro de cargos e carreiras em extinção da União.



A matéria conta com parecer do relator, mas ainda não foi apreciado em plenário. Está nas mãos de ninguém menos importante do que a mãe do ex-candidato a presidente, o pernambucano Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em São Paulo, antes do início do primeiro turno das eleições.



A audiência foi solicitada  pelo senador Odacir Soares. Mas pasmem os "barnabés", pois 500 outras cartas para complementação de documentos deixaram de ser enviadas aos servidores a pedido da própria bancada federal, sob a justificativa da proximidades das eleições e para que não beneficiasse grupos políticos.



Algo como, se desde o início a matéria não outra conotação a não a politiqueira, embora seja um direito adquirido pelos servidores do Executivo, que ingressaram no serviço público até o ano de 1987.



Abdoral Cardoso 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

A hiperidrose da transposição já



O tema transposição dos servidores estaduais de Rondônia para cargos e carreiras em extinção nos quadros da União voltou segunda-feira (14) à condição de "moeda" eleitoral pelas mãos do candidato tucano que disputa o governo do Estado.

A recorrência do tema é de causar hiperidrose a qualquer dos servidores habilitados, em especial quando em pleno segundo turno das eleições, os sítios de notícias de Porto Velho publicam "release" do candidato Expedito Junior (PSDB), no qual o presidenciável Aécio Neves teria prometido ao governadorável transpor os barnabés logo nos primeiros dias de mandato no Palácio do Planalto.

Até aí tudo muito bem, porque o neto de Tancredo Neves é de fato um dos concorrentes ao cargo, numa disputa acirrada com a candidata à reeleição Dilma Rousseff! Mesmo assim, é preciso muito mais clarividência, e não ficar  repetindo o “Dilmismo" sobre o tema, pois  o processo segue lentamente seu trâmite no Tribunal de Contas da União (TCU), onde o parecer  do relator estaria pronto para apreciação dos membros da Corte.

Qualquer servidor medianamente esclarecido sabe que não basta somente ter vontade política. E por mais que a sudorese excessiva (hiperidrose) acometa quem pleiteia o direito a cada nova promessa de transposição, a questão agora é técnica, para não dizer jurídica. E até onde a vista pode alcançar, embora o TCU atue como órgão técnico, a transposição somente será efetivada por meio de decisão judicial.

Os servidores já foram espezinhados e enganados o suficiente para se deixarem enganar novamente. Talvez o mais aconselhável, fosse o candidato tecer críticas contundentes aos governos anteriores que não fizeram o dever de casa, deixando de regulamentar no âmbito estadual a transformação dos celetistas em estatutários, em 1987, criando um verdadeiro exército de servidores que terá dificuldades inclusive, para obter aposentadoria.

É mais sensato e ético!


Abdoral Cardoso    

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Mulheres ribeirinhas assumem tarefas dos maridos nas casas de farinha




Preço da saca de farinha de 60 k alcançou R$ 200,00 na entressafra, mas caiu para R$ 160,00

A mulher ribeirinha deixa cada vez mais os afazeres domésticos para assumir antigas tarefas do homem nas casas de farinha na região do Baixo-Madeiro em Rondônia. No distrito de Calama, a 7 horas de barco de Porto Velho, um grupo de trabalhadoras rurais decidiu sair da cozinha e arregaçar as mangas para ajudar os maridos no fabrico de farinha de mandioca.

O baixo valor das aposentadorias rurais dos maridos contribuiu para a decisão. Cansadas de esperar pela correção dos “benefícios” cerca de um salário mínimo (R$ 724,00) e decididas a contribuir mais para o aumento da renda familiar, ingressaram junto com os maridos na Associação dos Agroextrativistas do Baixo-Madeira (Agrexbam).

Os relatos são sempre parecidos: “Aqui nós fazemos de tudo, plantamos, colhemos, prensamos , torramos e peneiramos”, disse Maria Antônia Cardoso dos Santos, casada com Alzenir Pinto França. Contou ainda ter ajudado a torrar a massa, minutos antes da chegada do repórter à sede da entidade, às 10h30, dia 17 de agosto de 2014.
Maria de Fátima não tem mais dúvidas. É melhor ajudar o marido na “casa de farinha” onde entre uma tarefa e outra dá tempo cozinhar o arroz, feijão e um pedaço de carne seca ou peixe para o almoço, e retornar somente à noite para casa.

Ela é outra agricultora que ajuda o marido em todas as etapas da produção da farinha, desde o plantio das chamadas “manivas”, pequeno pedaço do caule da árvore da mandioca selecionada para plantar no “roçado”, nome dado pelos ribeirinhos às áreas de cultivo de mandioca na várzea ou em terra firme.

No distrito de Calama, a mandioca é plantada e colhida na única área que não foi atingida pela cheia histórica do Rio Madeira, no primeiro trimestre de 2014. Somente o agricultor João Torres de Figueiredo, 63 anos, plantou 150 quadras e começou a desmanchar (processar) com a ajuda da mulher e dos filhos a produção.

As 150 quadras de mandioca, segundo Figueiredo, são suficientes para a produção de 90 sacas de 60 kg de farinha. Cada saca de farinha é vendida a R$ 160,00. “O preço já esteve melhor”, lembra.

Na várzea, o ressecamento do solo proveniente do acúmulo de areia (sedimentos) depositados nas áreas mais baixas das duas margens do rio impede o crescimento das árvores plantadas e resulta no consequente atrofiamento do caule e o apodrecimento da raiz.


De fevereiro a março, período da cheia, o preço do produto alcançou R$ 200,00 com o aumento da procura. Com a vazante do rio, caiu para R$ 160,00 a saca. Para baratear mais os custos eles optaram pela mão de obra familiar e adotam um sistema de revezamento entre os próprios parentes.
A produção de farinha em forma de mutirão familiar é realizada por meio do revezamento.  Um grupo de parentes  inicia a empreita e quando termina vai ajudar os outros integrantes da família. O agricultor disse ainda que, a cooperativa vai ganhar uma aliada, a agroindústria de babaçu que entra em funcionamento no primeiro trimestre de 2015.
A expectativa é de que a agroindústria traga um novo impulso para a comercialização da farinha regional e polpa de frutas como abacaxi, acerola, caju, goiaba, além de açaí e abacaba.

Difícil recomeço


A bordo da embarcação “Caçote”, que realiza duas viagens por semana à região, várias
pessoas atingidas pela cheia retornavam às suas propriedades. Luzia Silva, 45 anos, é uma delas. A agricultora contou que a família está recomeçando a vida. Embora sua propriedade não tenha sido inundada, foi retirada pela Defesa Civil por medida de segurança. Com a ajuda dos filhos, plantou quatro hectares de macaxeira na comunidade de Porto Jacarezinho, Gleba Rio Preto, onde mora.

Distante da sede da Agrexban, Luzia reclama dos baixos preços pagos pelos atravessadores. Propõe ao governo que construa uma casa de apoio na capital, espécie de abrigo onde os ribeirinhos, os verdadeiros produtores possam permanecer até encontrar melhor preço para os produtos e fugir dos intermediários.

No período do pós-enchente, até as mudas para plantar estão escassas. Não há mudas de mandioca na região do Baixo-Madeira e, segundo Luzia, o agricultor é obrigado a usar a espécie “açarana”. A “urana” que produz com 1 ano e também é chamada de “olho roxo” virou uma raridade na região. A “arranha céu”, que leva 2 anos para amadurecer e ficar no ponto para produção de farinha, foi adquirida em outras áreas de cultivo mais distantes.
A falta de mudas não é o único problema nas comunidades ribeirinhas. Onde Luzia mora, o posto de saúde fechou há 5 anos, a única escola está caindo e só tem dois alunos de 4ª série. Quando uma pessoa adoece tem que viajar 3h30 de barco com “motor rabeta” até o posto de saúde mais próximo em Calama. “Muitos já abandonaram suas terras por falta de condições de estudos para seus filhos”, conta a agricultora.



Por Abdoral Cardoso